domingo, 28 de junho de 2009

Kinsey, o filme.

Dias atrás, assisti o filme "Kinsey", que a namorada me emprestou. (Engraçado que eu sou a pessoa de audiovisual, mas quem coleciona filmes é a Pê.) É interessantíssimo perceber a evolução que as pesquisas de Kinsey tiveram em sua época e, embora muitos digam que os métodos do doutor não eram lá muito morais ou apropriados, acho que a contribuição dele foi enorme. Imagine alguém dizer, mais de cinquenta anos atrás, que a sexualidade humana se dividia em 6? Que você podia ser totalmente bisexual, ou hetero com vontades gays, ou gay com recaídas heteros...E dizia ainda para uma sociedade que, como uma cena engraçada do filme denota, nem sabia que existia mais do que uma posição sexual?

Mas eu não achava o filme nada mais do que um filme legal, interessante, até chegar em uma cena, bem no finalzinho.


Kinsey começou escrevendo um livro sobre a sexualidade masculina, que foi polêmico e criticado mas acabou indo parar na cabeceira de todos os casais e adolescentes cheios de hormônios. O problema é que ele decidiu fazer um livro sobre a sexualidade feminina depois e... vocês imaginam. Pessoas se horrorizaram que ele estivesse estudando a masturbação em mulheres, o orgasmo feminino, a sensibilidade do clitóris e daí ele foi rechaçado, teve os incentivos financeiros para suas pesquisas retirados e acabou ficando perdido, na rua da amargura. Velho, ele está quase desistindo de suas famosas entrevistas de pesquisa sexual, quando ele entrevista a senhora acima, interpretada por Lynn Redgrave.

Ela conta que era casada, com filhos, e quando os filhos saíram de casa, ela resolveu voltar a trabalhar. E então ela conhece uma colega de trabalho e se apaixona. Atordoada com o sentimento e negando sua própria essência, ela recorre ao álcool, o que leva seu marido e seu filho a se afastarem dela.

Nesse momento, Kinsey conclui que "é, isso é um sinal que nossa sociedade não mudou nada."

Daí, a mulher diz que mudou sim. Graças ao livro dele, ela percebeu que outras mulheres estavam na mesma situação, começou a se aceitar, se declarou para a colega e descobriu, surpresa, que ela sentia a mesma coisa e que, agora, estavam juntas e felizes há três anos.

E ela termina com um elegante e bonito ato. Ela se levanta, aperta a mão do pesquisador e o agradece por salvar sua vida.

É claro que é um filme. Hollywoodiano. Clichê e sentimental. Mas não pude deixar de pensar em como isso é verdade. Ainda sofremos muito preconceito por sermos gays, e por sermos mulheres. Mas também temos que pensar no quanto já conquistamos até aqui. E mais ainda: que isso pode ser feito. A sociedade pode ser transformada. As coisas podem mudar e se tornar mais aceitáveis.

Acho que estive buscando uma certa fonte de otimismo esses dias, por diversos motivos. E quando penso que as coisas estão péssimas, eu tento lembrar de cenas como essas - não posso negar que, por meu gosto e minha profissão, minha vida acaba sendo influenciada pelo cinema - de que as coisas podem mudar. Em pequena e grande escala.

(Pê deve estar orgulhosa de mim por esse post. A otimista aqui, normalmente, é ela.)

Veja um vídeo da cena aqui.

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No meu post sobre o Ladyfest, eu falei sobre a Tiely, que participou do debate sobre feminismo e depois subiu no palco para fazer umas rimas. Bem, ela está aqui nesse post do Dykerama falando sobre o grupo que participa, o Hip Hop Mulher.

Eu não sou nada conhecedora de Hip Hop, mas achei bem interessante a iniciativa. E confesso que achei a Tiely super legal e talentosa!

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Hoje, minha namorada e minha melhor amiga, duas figuras muito importantes na minha vida, estão prestando um exame fudido para conseguirem uma "carteirinha aí" de uma ordem "mixuruca aí" chamada OAB. E eu, como namorada e amiga, acabo ficando nervosa junto com elas, e passei a tarde roendo as unhas por causa disso (e da agonia que a seleção me fez passar na final da Copa das Confederações).

Gata, espero que você tenha se saído bem. Boa sorte!

1 comentários:

P. June disse...

Não preciso de manifestações de otimismo pra sentir orgulho de você, mas fiquei feliz!

E a Tiely é foda! =D

Nha, amor, obrigada pela lembrança! Agora, só 20 de julho pra sabermos!

 
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